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Capas Negras

As tunas não são do norte, não são do centro, não são do sul. As tunas são da tradição que nela se vive, seja esta a tradição de Coimbra ou do Algarve. Nem todas as cidades trajam de preto e há quem carregue aos ombros o vermelho da universidade do Minho ou até mesmo o verde ou o azul. Não é de todo uma opção clubística. É tradição. É poesia. É honra para quem o veste.

 

Os elementos de uma tuna não se juntam pelo tipo de música que vão cantar mas sim como o vão cantar e a emoção que vão transmitir. O repertório deste género de grupo vai desde músicas tradicionais, originais e “covers” sendo que os temas são essencialmente a vida estudantil, o amor e a tradição. O mais importante é a letra, a mensagem. Numa tuna não há espaço para pop, para jazz, para Kizomba ou para eletrónica que são, provavelmente, os estilos preferidos de muitos dos seus intervenientes. No entanto, a motivação de conhecer mais do nosso país e da nossa cidade junta todas as semanas dezenas de estudantes nos seus grupos de guitarradas.

Para além de terem as suas próprias rotinas praxísticas e artísticas, têm, também, tradições muito próprias. Muitos são os estudantes que passeiam as suas capas repletas de histórias que se retratam pelos emblemas que nela estão cozidos. As cidades natais. As viagens. Os cursos. Os clubes. Os amigos e namorados. Os afilhados e padrinhos. Os pais e os avós. Esta tradição para além de ter o seu início nos emblemas bordados nos equipamentos de clubes futebolísticos deu também origem a uma das mais belas tradições universitárias. Todos os pretextos eram bons para viajar e expandir o nome de uma tuna pelo país todo. Atuações. Retiros. Festivais. Encontros. Eram todos muito boas soluções para as tunas se encontrarem e conviverem. A troca de emblemas era bastante frequente. Cada emblema bordado na capa refletia cada atuação vivida. Cada tuna conhecida. Cada guitarrada. Cada novo amigo. Cada nova cidade. As capas ficam compostas. Foi assim que esta tradição tunante ganhou força e é generalizada não só aos tunantes mas sim a todos os estudantes do ensino superior.

 

Quem vê de fora uma tuna identifica-a como sendo um grupo musical que se rege pelas regras da praxe e das hierarquias compactuando com um conjunto de ritos de receção aos novatos. No entanto, só para quem a vê de dentro, tal como Rodolfo Silva, o Tuno Real (grau hierárquico máximo) da K&Batuna Tuna Académica Mista da Escola Superior de Educação de Coimbra, lhe consegue atribuir a verdadeira essência das tunas académicas: "é mais do que generalizadamente se diz como um grupo de estudantes que praticam um vida boémia". A “essência de uma tuna está nas pessoas que fazem parte da tuna”. Um lugar que não olha à sua origem ou aos seus objetivos, numa tuna “estão todos unidos num objetivo comum”. Para muitos é como a sua “casa” ou a sua “família” onde podem encontrar o conforto e apoio que necessitam por estarem longe do seu lar.

Unknown Track - Unknown Artist
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